Vagas para PCD: tudo que você precisa saber para a contratação de Pessoas com Deficiência (PCD), cumprir a lei e evitar problemas trabalhistas.
- Rodrigo Sarruf
- há 45 minutos
- 4 min de leitura

Introdução
A contratação de Pessoas com Deficiência (PCD) é um tema que gera muitas dúvidas tanto para empresas que desejam cumprir corretamente a chamada “Lei de Cotas”, quanto para trabalhadores que buscam entender seus direitos.
Ao longo de minha atuação como advogado trabalhista represnetando empresas em Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Rio de Janeiro, reforço a importância de compreender o tema de forma técnica e responsável sem exageros e sem juridiquês para que empresas e trabalhadores possam agir com segurança e conhecimento.
O que são vagas para PCD?
“Vagas para PCD” são posições de trabalho reservadas exclusivamente para Pessoas com Deficiência, conforme previsto nas Leis nº 8.213/91 e 13.146/15. O propósito dessas leis é social, a inclusão e promoção da igualdade de oportunidades.Ela exige que empresas com 100 ou mais empregados contratem uma porcentagem mínima de trabalhadores com deficiência, variando entre 2% e 5%, dependendo do número total de funcionários.
Como funcionam as vagas para PCD? (Passo a passo para empresas e trabalhadores)
1. A empresa identifica se se enquadra na Lei de Cotas
Se possui 100 ou mais funcionários, precisa reservar vagas para PCD.A porcentagem exigida é:
100 a 200 empregados → 2%
201 a 500 empregados → 3%
501 a 1.000 empregados → 4%
Acima de 1.000 empregados → 5%
2. Definição dos cargos que podem ser ocupados
A lei não exige cargos específicos.No entanto, é fundamental que a função seja compatível com a deficiência, respeitando condições de segurança e acessibilidade.
3. Abertura e divulgação da vaga
A empresa pode divulgar a vaga internamente, em redes sociais, em plataformas de emprego e no próprio site, desde que não utilize linguagem discriminatória.
Exemplos de boas práticas:
Informar adaptações disponíveis
Descrever atividades com clareza
Destacar a acessibilidade do local
4. Análise de documentos do candidato
O trabalhador PCD deve apresentar:
Laudo médico que comprove a deficiência
Classificação da deficiência conforme normas do Ministério da Saúde
A empresa não pode exigir informações indevidas ou expor o trabalhador.
5. Adaptação do ambiente de trabalho
Após a contratação, pode ser necessário adequar:
Estações de trabalho
Rotinas
Equipamentos
Acessibilidade física ou digital
O objetivo é garantir condições de trabalho de forma segura e eficaz.
6. Registro formal da contratação
A contratação segue as mesmas regras da CLT aplicadas a qualquer trabalhador, sem redução de direitos.
Casos em que a regra NÃO se aplica
A Lei de Cotas não atinge:
Empresas com menos de 100 funcionários
Profissionais autônomos ou freelancers
Organizações sem empregados formais
Trabalhadores informais ou não registrados
Além disso, não se aplica quando:
O trabalhador possui doença sem limitação funcional
Há deficiência temporária (por exemplo, fratura que se recupera)
O laudo não comprova deficiência conforme critérios legais
Perguntas comuns sobre vagas para PCD
1. A empresa pode escolher não cumprir a cota?
Não. O cumprimento é obrigatório para empresas com mais de 100 funcionários. A ausência ou insuficiência de PCDs pode gerar multas e autuações com altos valores.
2. O trabalhador PCD tem direitos diferentes?
Não. Os direitos são os mesmos da CLT. O que muda é a necessidade de adequações para garantir acessibilidade.
3. A empresa pode exigir um tipo específico de deficiência?
Não. Isso pode ser considerado discriminação. A exigência deve ser sempre relacionada às atividades do cargo, ou seja, compatível com a vaga a ser preenchida.
4. O laudo médico vale para sempre?
Depende. Em casos de condições permanentes, sim. Em outras, o laudo pode exigir atualizações.
Benefícios reais de contratar PCD (baseado em fatos)
Para empresas
Cumprimento da lei e redução de riscos trabalhistas
Ambiente mais diverso e colaborativo
Aumento da inovação (estudos apontam que equipes diversas têm melhor desempenho)
Fortalecimento da imagem institucional
Inclusão social
Para trabalhadores
Acesso facilitado a vagas compatíveis
Melhor inclusão no mercado formal
Possibilidade de adaptações adequadas no ambiente de trabalho
reinserção no mercado de trabalho
Nada disso configura promessa, mas apenas benefícios reconhecidos em pesquisas e na prática organizacional.
Erros comuns que empresas e trabalhadores cometem
Empresas
Não divulgar vagas de forma acessível
Escolher cargos sem análise de compatibilidade
Exigir laudos indevidos ou excessivos
Tratar a contratação como mera formalidade
Não registrar tentativas de contratação (importante em fiscalizações)
Trabalhadores
Apresentar laudos incompletos ou sem CID
Não esclarecer limitações funcionais
Concorrer a vagas sem requisitos mínimos da função
Desconhecer seus direitos e adaptações possíveis
Quando é importante buscar orientação jurídica
A orientação jurídica é relevante desde a pré-contratação, para análise jurídica do enquadramento da empresa na Lei de cotas e à observância aos procedimentos legais. Porém, a assessoria jurídica se torna indispensável quando há:
Fiscalização do Ministério do Trabalho
Dúvidas sobre adaptações necessárias
Questionamentos sobre compatibilidade da função
Discussões sobre discriminação no processo seletivo
Elaboração de políticas internas de inclusão
A análise profissional ajuda a prevenir conflitos e manter a empresa em conformidade com a legislação.
Conclusão
As vagas para PCD representam muito mais do que uma obrigação legal: são um instrumento real de inclusão e desenvolvimento social.Para empresas, seguir corretamente a Lei de Cotas evita multas e melhora o ambiente corporativo. Para trabalhadores, garante acesso a oportunidades dignas e adaptadas.
Comentários